Formada em Sociologia pela PUC-Rio e com mestrado em Administração Pública pela UFF, Marielle foi eleita vereadora da cidade do Rio de Janeiro, em 2016, pelo PSOL (Partido Socialismo e Liberdade).
Mulher negra, feminista, bissexual, oriunda da favela e de origem pobre, Marielle representou diversas minorias ao longo de sua trajetória política. Presidiu a Comissão da Mulher na Câmara Municipal, foi defensora dos direitos humanos e das causas LGBTQIA+.
Vida Pessoal
Marielle era filha de Marinete da Silva e Antônio Francisco da Silva Neto, e irmã de Anielle Franco. A família vivia no Complexo da Maré, uma das regiões mais pobres do Rio de Janeiro.
Aos 19 anos, Marielle deu à luz sua única filha, Luyara Franco, fruto de seu relacionamento com o primeiro namorado. Em 2004, iniciou um relacionamento com a arquiteta Mônica Benício, com quem viveu até sua morte.
Vida Profissional
Antes de concluir seus estudos, Marielle trabalhou como vendedora ambulante, dançarina, empregada doméstica e educadora infantil, economizando para pagar a própria formação acadêmica.
Após a morte de uma amiga próxima, vítima de bala perdida, Marielle decidiu se dedicar à militância pelos direitos humanos. Atuou na organização Redes da Maré e tornou-se uma crítica contundente dos abusos cometidos por forças policiais nas comunidades.
Em 2006, passou a integrar a equipe da campanha do deputado estadual Marcelo Freixo, considerado seu padrinho político.
Em 2016, foi eleita vereadora da cidade do Rio de Janeiro com 46.502 votos, sendo a quinta mais votada do município. Durante o mandato, presidiu a Comissão da Mulher da Câmara Municipal e apresentou 16 projetos de lei, com foco em políticas públicas para mulheres, negros e a população LGBTQIA+.
Um de seus projetos mais marcantes foi o que instituía o Dia da Visibilidade Lésbica, que acabou rejeitado por apenas dois votos.
Marielle também atuou na Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), em parceria com Marcelo Freixo.
O Assassinato
Na noite de 14 de março de 2018, por volta das 21h30, o carro em que Marielle estava foi alvejado por 13 tiros na Rua Joaquim Palhares, no bairro do Estácio, região central do Rio de Janeiro. O ataque matou Marielle Franco, de 38 anos, e o motorista Anderson Pedro Gomes, de 39. A única sobrevivente foi a assessora parlamentar Fernanda Chaves.
Naquele dia, Marielle retornava de um evento na Casa das Pretas, um espaço coletivo voltado para mulheres negras, localizado na Lapa.
O assassinato causou comoção nacional e internacional, e Marielle tornou-se símbolo da luta por justiça, igualdade e direitos humanos no Brasil.
Data de nascimento: 27/07/1979
Data de falecimento: 14/03/2018 (aos 38 anos)
Disponível em: https://www.ebiografia.com/marielle_franco/
]]>Infância
Criada em um ambiente rural, Maria Quitéria aprendeu desde cedo a lidar com as atividades do campo, desenvolvendo habilidades como manejo de armas e cavalgadas — competências que seriam fundamentais em sua trajetória. Sua infância foi marcada por desafios, mas também por um forte senso de justiça e desejo de liberdade, sentimentos que motivaram sua atuação durante a Guerra da Independência do Brasil.
Participação na Guerra da Independência
Entre 1822 e 1823, Maria Quitéria foi uma figura-chave na luta pela independência do Brasil, especialmente na Bahia. Para se alistar no exército, precisou se disfarçar de homem, desafiando as normas sociais da época. Sua coragem, disciplina e habilidades em combate a fizeram se destacar entre os soldados, sendo promovida a cadete e, posteriormente, a alferes. Sua contribuição foi fundamental para o sucesso das tropas brasileiras e consolidou sua imagem como símbolo da participação feminina na história militar do país.
Vida Pessoal
Apesar da oposição do pai, Maria Quitéria casou-se com Gabriel Pereira de Brito. Acredita-se que o casamento tenha ocorrido após a morte de seu pai. Após o período de guerra, passou a levar uma vida mais reservada e dedicada à família.
Filha
Maria Quitéria teve uma filha, Luísa Maria da Conceição, que faleceu em 21 de agosto de 1853, vítima de complicações hepáticas.
Morte
Após a guerra, Maria Quitéria viveu em Salvador, onde faleceu em 21 de agosto de 1853. Sua morte marcou o fim de uma vida marcada por bravura e pioneirismo.
Legado e Reconhecimento
Em 28 de junho de 1996, Maria Quitéria foi oficialmente declarada Patrono do Quadro Complementar de Oficiais do Exército Brasileiro, uma homenagem ao seu papel pioneiro e inspirador. Ela é reconhecida como uma das primeiras mulheres a integrar oficialmente o exército brasileiro, tornando-se um ícone da luta pela igualdade de gênero e pelos direitos das mulheres.
Frase atribuída
A frase “Se todos amam a liberdade, por que tantos a temem?” é frequentemente associada a Maria Quitéria, embora não haja registros históricos que comprovem sua autoria. Ainda assim, a reflexão que ela inspira permanece atual: a liberdade exige responsabilidade, escolhas conscientes e coragem para enfrentar as consequências — algo que Maria Quitéria viveu na prática.
Lyra nasceu no Espírito Santo e é escritora, professora e pesquisadora. Sua obra é cheia de simbolismo e espiritualidade. Ela une saberes acadêmicos e literários, criando personagens femininas fortes e misteriosas.
O conceito de sagrado feminino ganhou força nos últimos anos. Ele valoriza as espiritualidades ancestrais e a figura da deusa na mitologia. Na literatura, ele aparece como símbolo da força criadora da mulher.
Na obra de Bernadette Lyra, o sagrado feminino é essencial. Ela cria personagens que carregam sabedoria ancestral. Essas mulheres são curandeiras e sacerdotisas, mostrando o poder esquecido das práticas femininas.
Lyra é conhecida por sua linguagem simbólica rica. Seus textos são cheios de imagens e símbolos femininos. Elementos naturais como água e florestas são comuns, remetendo ao feminino sagrado.
Esses símbolos são mais que cenários. Eles são portais para a transformação das personagens. A água e a floresta, por exemplo, têm múltiplos significados. Lyra usa esses símbolos para contar histórias de mulheres que resgatam saberes esquecidos.
Bernadette Lyra não vê o feminino apenas de um jeito. Ela mergulha na cultura brasileira, especialmente nas lendas do interior. Sua série mitológica traz personagens e histórias do folclore brasileiro, mas com uma perspectiva feminina.
Essa forma de contar histórias não é neutra. Ao ver mitos sob a ótica das mulheres, Lyra desafia o patriarcalismo. Ela transforma histórias de encantamento masculino em afirmações da força feminina no Brasil. É uma forma de resistência cultural e literária, colocando a mulher no centro das histórias.
A espiritualidade de Bernadette Lyra não é dogmática. Ela dialoga com uma espiritualidade que valoriza o corpo e a conexão com a terra. Essa abordagem é alinhada com um feminismo que busca resgatar as raízes espirituais da experiência feminina.
Essa espiritualidade se reflete na forma como Lyra escreve. Suas histórias são fluidas e sensoriais, como um canto ou ritual. Ela busca transformar o leitor, não apenas intelectualmente, mas emocional e espiritualmente.
Na literatura, ainda há muitas desigualdades. A obra de Bernadette Lyra é um respiro. Ela mostra que o fantástico pode ser político e enraizado nas experiências femininas. Ao recuperar o sagrado feminino, Lyra devolve histórias às mulheres e convida a todos a repensarem o poder e a magia.
Para jovens leitores, conhecer Lyra é uma chance de ampliar o repertório cultural. Seus livros são mais que entretenimento; são convites à reflexão e à reconexão com nossa história coletiva.
Bernadette Lyra é uma das grandes vozes da literatura fantástica brasileira. Ela resgata o sagrado feminino de maneira esteticamente, politicamente e espiritualmente poderosa. Ao valorizar o feminino, Lyra transforma suas histórias em caminhos de cura e reencontro com a magia ancestral. Ler Bernadette Lyra é um ato de resistência, beleza e renascimento.
]]>Rita Lee Jones nasceu em São Paulo, em 31 de dezembro de 1947. Filha de pai norte-americano e mãe italiana, cresceu ouvindo clássicos do rock internacional, óperas e música brasileira. Ainda jovem, formou sua primeira banda, mas foi com Os Mutantes, ao lado de Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, que começou a revolucionar a cena musical brasileira.
Os Mutantes surgiram no contexto da Tropicália, movimento cultural que misturava elementos da cultura pop com a tradição brasileira, desafiando as normas estabelecidas. Com letras psicodélicas, arranjos experimentais e performances ousadas, o grupo logo chamou atenção. Rita, com seu carisma e voz marcante, era a alma vibrante da banda.
Apesar da associação ao movimento tropicalista, Os Mutantes tinham uma identidade própria, misturando Beatles com baião, guitarras distorcidas com harpas e instrumentos clássicos. Rita, além de cantar, tocava diversos instrumentos, como bateria, teclado e flauta. Era um verdadeiro furacão criativo.
Nos anos 60 e 70, o Brasil vivia uma ditadura militar. Em um período de censura e repressão, Rita Lee desafiava convenções com sua postura livre e crítica. Ela era feminista quando esse termo ainda era tabu, e usava a música como forma de expressão e resistência. Mesmo após sair dos Mutantes, Rita não abandonou sua essência rebelde.
Com a banda Tutti Frutti, nos anos 70, Rita consolidou sua carreira solo. Foi nesse período que lançou hits que se tornaram hinos, como “Agora Só Falta Você”, “Esse Tal de Roque Enrow” e, principalmente, “Ovelha Negra” – uma canção autobiográfica que se tornou símbolo de empoderamento feminino. O disco “Fruto Proibido” (1975) é até hoje considerado um dos melhores álbuns da história do rock nacional.
Rita cantava sobre liberdade sexual, criticava o machismo e fazia tudo com muito humor e ironia. Suas entrevistas sempre foram afiadas, cheias de sarcasmo e verdades incômodas para os conservadores. Era a voz de quem não tinha medo de ser diferente.
A partir dos anos 80, Rita Lee entrou de vez para o panteão da música popular brasileira. Com o marido e parceiro musical Roberto de Carvalho, compôs e gravou sucessos que uniam pop, rock, humor e sensibilidade. “Mania de Você”, “Lança Perfume”, “Doce Vampiro”, “Saúde”, entre outras, conquistaram o país inteiro e estouraram nas rádios.
Mas Rita era mais do que uma hitmaker. Era uma artista completa. Suas letras falavam de amor, prazer, liberdade, ironia e crítica social. Conseguia ser ao mesmo tempo leve e profunda, engraçada e séria, popular e sofisticada. Seu estilo irreverente, seus figurinos extravagantes e sua autenticidade fizeram dela uma das personalidades mais admiradas do Brasil.
Ao longo dos anos, Rita Lee mostrou que seu talento ia além da música. Escreveu livros, incluindo uma autobiografia best-seller que revelou bastidores da sua vida e carreira com sinceridade e bom humor. Escreveu também obras infantis e crônicas, mostrando sua sensibilidade com as palavras.
Foi apresentadora de TV, atriz, participou de programas infantis como o “TV Colosso” e o “Sai de Baixo”, e sempre manteve sua voz ativa em causas ambientais, pelos direitos dos animais e das mulheres. Declaradamente vegana e defensora dos bichos, Rita dizia que seu verdadeiro sonho era nascer de novo como um vira-lata bem cuidado.
Mesmo com a saúde fragilizada nos últimos anos, após o diagnóstico de um câncer de pulmão, Rita seguiu produzindo, escrevendo e se comunicando com seus fãs. Sua presença nas redes sociais era sempre divertida, sarcástica e afetuosa, fiel aos seus valores até o fim.
Rita Lee faleceu em maio de 2023, aos 75 anos, em sua casa, cercada pela família. Sua obra e sua influência, no entanto, continuam mais vivas do que nunca. Sua trajetória inspirou gerações de músicos, principalmente mulheres, a ocuparem espaços de destaque no cenário artístico. Ela abriu caminhos com sua ousadia e autenticidade, desafiando padrões de comportamento e estética.
Se hoje o Brasil tem uma cena musical diversa, plural e cheia de vozes femininas potentes, muito se deve à trilha que Rita abriu. Seu legado não é apenas musical, mas também cultural, comportamental e afetivo. Rita nos ensinou que é possível ser artista sem se dobrar às exigências do mercado, que é possível envelhecer sem perder a irreverência, e que é possível viver com liberdade, mesmo em tempos difíceis.
O impacto de Rita Lee não se limita ao universo da música. Seu estilo extravagante e sua atitude irreverente influenciaram gerações de artistas e celebridades. Suas letras, muitas vezes bem-humoradas e irônicas, são citadas até hoje em redes sociais, programas de TV e eventos culturais.
Além disso, a artista também teve forte influência no movimento LGBTQIA+, sendo referência para muitos pela sua postura de liberdade e autenticidade. Sua música e personalidade ajudaram a quebrar barreiras e abrir espaço para a diversidade na cultura brasileira.
“A Ovelha Negra da Família”, como se autodenominava, virou patrimônio da cultura brasileira. Rita Lee foi pioneira, provocadora, inovadora. Sua vida e sua arte caminharam juntas, entre risos e lágrimas, aplausos e controvérsias, sempre com originalidade.
Ela não foi só uma cantora. Foi um símbolo de liberdade criativa, de feminilidade sem amarras, de resistência e reinvenção. Rita Lee é, e sempre será, uma referência – não apenas no rock ou na MPB, mas na forma como escolhemos viver e nos expressar.
]]>Desde os primeiros passos na carreira musical, Gal Costa demonstrou versatilidade e coragem para inovar. Com uma voz poderosa e expressiva, ela navegou por diversos estilos musicais, do tropicalismo ao rock, do samba ao pop, sempre imprimindo sua identidade única. Sua parceria com grandes nomes da música, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia e Tom Zé, contribuiu para transformar a MPB em um movimento cultural de alcance global.
Gal foi uma das figuras centrais do tropicalismo, movimento que revolucionou a música brasileira ao misturar ritmos nacionais com influências internacionais, incorporando elementos da contracultura. Seu álbum “Gal Costa” (1969) se tornou um marco da época, com interpretações ousadas e arranjos inovadores que desafiavam padrões musicais e comportamentais. Foi nesse contexto que ela consolidou uma imagem provocadora e audaciosa, alinhada com o espírito de ruptura da década.
O legado de Gal Costa vai além das canções que imortalizou. Sua postura artística sempre esteve associada a uma visão progressista e libertária, que ajudou a moldar a cultura brasileira contemporânea. Durante a ditadura militar, sua música serviu como resistência e sua postura desafiadora inspirou artistas e ativistas a se expressarem em um ambiente de repressão.
Além disso, Gal foi uma das primeiras artistas brasileiras a desafiar estereótipos de gênero e sexualidade na música, abrindo espaço para uma nova geração de cantoras e compositores que buscavam maior liberdade de expressão. Sua imagem e seu estilo eram referências de uma mulher independente, que não se submetia a padrões impostos pela sociedade. Em uma época em que o conservadorismo predominava, Gal ousava ser diferente, influenciando comportamentos e levantando questões sobre identidade, corpo e autonomia feminina.
Outro aspecto fundamental da influência de Gal Costa foi sua contribuição para a preservação e reinvenção da música brasileira. Ao longo de sua carreira, ela resgatou e reinterpretou clássicos do cancioneiro nacional, apresentando-os a novas audiências e garantindo que a tradição musical do Brasil permanecesse viva e relevante. Em seus álbuns e shows, era comum encontrar releituras de compositores como Dorival Caymmi, Ary Barroso, Cartola e Lupicínio Rodrigues.
A influência de Gal Costa se estende até os dias atuais, sendo reverenciada por diversas gerações de artistas. Nomes como Céu, Liniker, Anavitória e Tim Bernardes citam Gal como uma referência fundamental em suas trajetórias musicais. Sua capacidade de se reinventar sem perder a essência fez com que sua obra continuasse dialogando com o público jovem, mostrando a atemporalidade de sua arte. Gal não se acomodou ao sucesso passado; ela buscava constantemente novos sons e parcerias, mantendo-se relevante mesmo diante das transformações do mercado fonográfico.
Além de sua presença na música, Gal também impactou outras áreas da cultura, incluindo o cinema, a moda e as artes visuais. Sua imagem icônica foi eternizada por fotógrafos e cineastas, e sua estética serviu de inspiração para estilistas e designers ao longo das décadas. A cantora soube se posicionar como um símbolo de vanguarda, transcendendo o universo musical e marcando presença em diferentes manifestações artísticas.
Gal também teve papel importante na promoção da diversidade cultural brasileira. Sua abertura para ritmos afro-brasileiros, nordestinos, urbanos e populares ampliou os horizontes da MPB, tornando-a mais inclusiva e representativa. Em um país tão vasto e plural como o Brasil, Gal foi uma ponte entre regiões, classes e culturas.
O falecimento de Gal Costa, em 2022, representou uma grande perda para a cultura brasileira, mas seu legado permanece vivo. Suas canções continuam sendo regravadas, seus álbuns seguem sendo redescobertos por novas audiências e seu impacto na música e na sociedade segue sendo estudado e reverenciado.
Eventos e homenagens em sua memória reforçam a importância de sua obra, e sua influência segue ecoando no trabalho de artistas contemporâneos. A musicalidade única, a postura irreverente e o compromisso com a arte fizeram de Gal Costa uma das maiores personalidades da história da música brasileira. Diversos documentários, biografias e exposições têm sido dedicados à sua vida e carreira, reafirmando sua relevância como artista e cidadã.
Gal Costa foi muito além dos palcos. Sua arte transcendeu a música, alcançando a política, a cultura e a identidade do Brasil. Seu impacto pode ser visto na liberdade artística que conquistamos, na diversidade sonora da MPB e na luta por uma sociedade mais aberta e plural. Seu nome está gravado na história da música e sua influência continuará moldando a cultura brasileira por muitas gerações. Como uma estrela que nunca se apaga, a voz de Gal Costa seguirá ecoando nos corações e mentes de quem valoriza a verdadeira essência da arte. Gal nos deixou um legado incomparável: uma obra que mistura coragem, beleza e verdade.
]]>Nascida em Vitória, no Espírito Santo, em 19 de janeiro de 1942, Nara Leão mudou-se ainda criança para o Rio de Janeiro, onde teve contato direto com grandes nomes da música popular brasileira. Criada em uma família de classe média alta, seu quarto se tornou ponto de encontro de jovens músicos como João Gilberto, Tom Jobim, Vinicius de Moraes e Roberto Menescal — todos fundamentais na criação da bossa nova.
Com uma voz suave e interpretação intimista, Nara rapidamente se destacou como uma das principais intérpretes da bossa nova. Sua participação no disco “Chega de Saudade” de João Gilberto e em shows como o icônico “O Encontro” consolidou sua imagem de musa do gênero. Mas Nara nunca se contentou apenas com o rótulo.
Nos anos 1960, em meio à ditadura militar, Nara passou a incorporar em seu repertório canções de protesto e músicas populares tradicionalmente marginalizadas pela elite cultural. Foi ela quem idealizou o show “Opinião” (1964), ao lado de João do Vale e Zé Keti, um marco da resistência artística contra a repressão. Esse movimento ajudou a consolidar o que viria a ser chamado de MPB (Música Popular Brasileira).
Nara Leão tinha uma personalidade inquieta e eclética. Ao longo de sua carreira, gravou de bossa nova a samba, de canções infantis a músicas de protesto. Mesmo lutando contra um tumor cerebral descoberto em 1979, seguiu gravando e se apresentando. Sua obra final, “My Foolish Heart” (1989), foi lançada pouco antes de sua morte, em 7 de junho de 1989.
Nara Leão deixou um legado de coragem, sensibilidade e inovação. Mais do que uma intérprete, foi uma artista que usou sua música para questionar, emocionar e transformar. Até hoje, suas gravações e história de vida inspiram novas gerações e reafirmam a importância da música como expressão cultural e resistência social no Brasil.
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